domingo, 10 de maio de 2015

Resenha: Mulheres Perfeitas - Ira Levin

Stepford é uma cidade bucólica, onde seus habitantes parecem estar especialmente de bem com a vida. Principalmente as mulheres, ainda que estejam limpando suas casas e cuidando de seus maridos e filhos o tempo todo. Aliais, talvez, principalmente por conta disso.
Imagine um lugar onde as mulheres possuam corpos perfeitos, onde estão sempre sorrindo, onde seus maridos e filhos vivam bem e, a cima de tudo, encontrem tudo o que precisem ao seu alcance. Se você, leitor, for um homem, imagino que o lugar lhe pareça atraente. Entretanto, se você for mulher, garanto que não gostou tanto assim. Provavelmente deve estar se perguntando acerca da igualdade de direitos daquele lugar.
Joana, personagem principal deste clássico dos romances de suspense norte-americano também se viu envolvida em tais questionamentos assim que ela, o marido Walter e os filhos se mudaram para a encantadora Stepford.
Ainda mais estranho do que uma cidade que pareça estar nos comerciais de propagandas de produtos de limpeza de televisão, o lugarejo surpreende por possuir uma "associação masculina" - uma espécie de clube, onde só são admitidos homens.
Foi quando pretendia criar um clube de mulheres que intencionava discutir questões feministas que Joana conheceu Bobbie Markowe e Charmaine Wimperis, duas mulheres que pareciam possuir outros pensamentos em suas mentes que não fossem apenas qual sabão em pó deixa as roupas mais limpas.
Entretanto, após uma segunda lua-de-mel uma delas volta completamente modificada, se recusa a continuar praticando seu esporte preferido - tênis - e decide dedicar-se inteiramente ao marido e aos filhos, satisfazendo-se com a realização de todos os desejos de ambos.
Surpresa com tal modificação, Joana procura investigar o que pode ter acontecido com a amiga e, para isso, conta apenas com ela mesma, visto que a mesma transformação absurda aconteceu com a outra. Ambas passam pela mesma modificação com apenas um mês de diferença entre si. Joana repara que este tempo é exatamente o mesmo que marca as mudanças de uma e depois da outra para a cidade. Horrorizada, descobre que a mesma "lavagem cerebral" ou seja lá o que aconteça com as mulheres depois desta segunda lua-de-mel, está prestes a acontecer com ela e corre contra o tempo e o próprio marido para evitar o pior.
Com maestria impressionante, Ira Levin traz uma reflexão bastante interessante por meio das cerca de cento e quarenta páginas do livro. O final, realmente surpreendente deixa o leitor apavorado e alerta, principalmente a nós mulheres, quanto a tendência existente em esperar que sejamos mães e mulheres perfeitas. Vale uma reflexão acerca de que perfeição é esta e de pensarmos sobre para quem e, se ela é realmente necessária.
Indico este livro como presente de dia da mulher, dia das mães, aniversário, etc. Muito melhor do que um eletrodoméstico ou um equipamento para a casa, o qual valoriza  o serviço que está sendo realizado e não a pessoa que o realiza. Para nós mulheres, fica o alerta para que jamais nos tornemos esposas de Stepford sem que, para isto, sejamos o extremo oposto.