sexta-feira, 3 de julho de 2015

RESENHA - TODA LUZ QUE NÃO PODEMOS VER


A sinopse do livro nos apresenta o seguinte:

Marie-Laure vive em Paris, perto do Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu. Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo. Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial: descobrir a fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na Normandia. Cada vez mais consciente dos custos humanos de seu trabalho, o rapaz é enviado então para Saint-Malo, onde seu caminho cruza o de Marie-Laure, enquanto ambos tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial.

Agora, falando um pouquinho sobre o que achei...

Muito bem escrito, muito bem mesmo. O livro apresenta frases bem construídas, um vocabulário bastante amplo e todas as características que esperamos encontrar em um livro desse porte. Tenho que admitir que mal vi as mais de 500 páginas passarem diante de mim. Terminei a leitura com certeza querendo mais obras desse autor. A história é muito bem estruturada, é construída em flashes. O autor nos mostra os personagens principais no clímax dos eventos do livro já nas primeiras páginas, entretanto, por meio de vários flashes vai nos apresentando os fatos que os levaram para tais circunstâncias. Sem revelar em demasiado e, sabendo como mostrar-nos somente aquilo que precisamos ver naquele momento, o livro trás em si um conjunto fantástico de retratos da vida antes, durante e pós segunda guerra mundial.
Entendo que muitos são os livros com esta temática e que, de algum modo, necessitamos surpreender-nos com obras de uma temática já tão amplamente explorada. Como pessoa cega, sempre fiquei me imaginando nas circunstâncias dos personagens das obras que tinha lido sobre este assunto e inevitavelmente ficava com a impressão de que as pessoas com deficiências não eram observadas nestes tempos turbulentos. Entretanto, ANTHONY Doerr nos apresenta uma personagem cega e que, longe de representar os estereótipos da pessoa com deficiência visual, nos mostra de uma forma bastante fidedigna como vivem as pessoas com esta característica. É notável todo o empenho e as diversas horas que o autor dedicou para o estudo da deficiência visual e é realmente notável a maestria com a qual ele trata do tema. Marie-Laure é constantemente estimulada pelo pai que a faz montar e desmontar inúmeros quebra-cabeças na forma de presentes; ele a ensina o caminho do museu onde ele trabalha para a casa dela; constrói para a filha uma maquete da cidade onde eles vivem com a intenção de trazer para o conhecimento dela a disposição das casas e edifícios da cidade; presenteia-lhe com livros em braille; ensina-a um método seguro de mobilidade, contando passos, bueiros e demais sinais que possam orientá-la nos seus caminhos. Um guia bastante razoável acerca da vida de uma pessoa cega e uma precisão incrível na hora de apresentar e retirar flashes para instigar o leitor e fazê-lo implorar só por mais uma página.

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