A sinopse do livro nos apresenta o
seguinte:
Marie-Laure vive em Paris, perto do
Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de
milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai
constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz
de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para
a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro
do museu. Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã
mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo.
Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale
uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial: descobrir a
fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na
Normandia. Cada vez mais consciente dos custos humanos de seu trabalho, o rapaz
é enviado então para Saint-Malo, onde seu caminho cruza o de Marie-Laure,
enquanto ambos tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial.
Agora, falando um pouquinho sobre o
que achei...
Muito bem escrito, muito bem mesmo. O
livro apresenta frases bem construídas, um vocabulário bastante amplo e todas
as características que esperamos encontrar em um livro desse porte. Tenho que
admitir que mal vi as mais de 500 páginas passarem diante de mim. Terminei a
leitura com certeza querendo mais obras desse autor. A história é muito bem estruturada,
é construída em flashes. O autor nos mostra os personagens principais no clímax
dos eventos do livro já nas primeiras páginas, entretanto, por meio de vários flashes
vai nos apresentando os fatos que os levaram para tais circunstâncias. Sem
revelar em demasiado e, sabendo como mostrar-nos somente aquilo que precisamos
ver naquele momento, o livro trás em si um conjunto fantástico de retratos da
vida antes, durante e pós segunda guerra mundial.
Entendo que muitos são os livros com
esta temática e que, de algum modo, necessitamos surpreender-nos com obras de
uma temática já tão amplamente explorada. Como pessoa cega, sempre fiquei me
imaginando nas circunstâncias dos personagens das obras que tinha lido sobre
este assunto e inevitavelmente ficava com a impressão de que as pessoas com
deficiências não eram observadas nestes tempos turbulentos. Entretanto, ANTHONY
Doerr nos apresenta uma personagem cega e que, longe de representar os estereótipos
da pessoa com deficiência visual, nos mostra de uma forma bastante fidedigna
como vivem as pessoas com esta característica. É notável todo o empenho e as
diversas horas que o autor dedicou para o estudo da deficiência visual e é
realmente notável a maestria com a qual ele trata do tema. Marie-Laure é
constantemente estimulada pelo pai que a faz montar e desmontar inúmeros
quebra-cabeças na forma de presentes; ele a ensina o caminho do museu onde ele
trabalha para a casa dela; constrói para a filha uma maquete da cidade onde
eles vivem com a intenção de trazer para o conhecimento dela a disposição das
casas e edifícios da cidade; presenteia-lhe com livros em braille; ensina-a um
método seguro de mobilidade, contando passos, bueiros e demais sinais que possam
orientá-la nos seus caminhos. Um guia bastante razoável acerca da vida de uma
pessoa cega e uma precisão incrível na hora de apresentar e retirar flashes
para instigar o leitor e fazê-lo implorar só por mais uma página.
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